Quem sou eu

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O nosso amor a gente inventa.

Ali estava ele mais uma vez, sentado cabisbaixo em um canto escuro, o dia era nebuloso, tedioso e gris, muito gris, como a muito já não era. Já mendigará a muito e várias vezes por atenção, compreensão e até amor, mas não mais o cabia tal atitude, e foi por pensar assim que se aquietou ali, meio afastado, meio tristonho e meio mocorongo.
Em toda sua vida julgou saber amar, viveu grandes aventuras, não tão grandes assim, mas que mereciam serem contadas, pelo menos para os amigos mais chegados, para que soubessem que já havia vivido algo de “interessante”, e para que pudesse comparar suas experiências com as demais. Claro que chorou por várias vezes, sorriu por mais vezes ainda, se sentiu aconchegado, cobiçado, logo mal amado e depois enganado. “Nem toda história tem um final feliz”, com certeza ele era uma das pessoas que não precisa mesmo ouvir tal expressão.
Sabe quando se tem uma noção formada de algo? E realmente se acredita imensamente que aquilo é assim como se pensa, você acredita com tanta certeza que mesmo se soubesse que era mentira continuaria acreditando por tamanha vontade que aquilo fosse como você queria que fosse? Bem, é mais ou menos assim que conheceu o amor, deixou se levar pelas belas palavras, bons momentos, carências supridas pelo sexo de tamanho infinito que lhe satisfazia plenamente por questões de horas, várias horas pra falar a verdade, mas que depois de repente sumia e ele ficava ali “meio bomba”, lamuriando-se pelos cantos, pós tudo isso era só acrescentar mais alguns gestos que lhe agradavam de maneira adequada ao seu ego e estima e pronto! Lá estava ele, mais um tolo incompreendido, cego emocional, bestificado por achar que estava amando, quando na verdade aquilo tudo não passava de uma paixão que duraria por umas semanas e que por um detalhe inútil e fútil sumisse de repente. Depois que a paixão passa, e que todo aquele encanto de começo de história é quebrado, se não vier o amor em seguida ou ao decorrer do tempo que estavam juntos, não se engane ao pensar que algo tão complexo como o amor se materializara do nada, e que tudo será um conto de fadas de final feliz, talvez nem restem boas lembranças, talvez nem mesmo a amizade vá restar, ou ainda pior você pode ganhar mais uma pessoa a quem possa chamar de filho da puta.
Pois bem, e lá no cantinho, rodeado por seu mundinho turvo e ainda mal interpretado continuava ele sentado a refletir sobre seus supostos amores vividos, no momento começara a clarear-lhe a mente, os amores que de fato deveriam ser inesquecíveis não lhe eram de tão fácil acesso na memória. Mas como assim? Creio eu, um ser imensamente ignorante, que os nossos grandes amores são aqueles que devem ser lembrados eternamente, ou pelo menos por tempo suficiente para que novos personagens de maior importância lhes apaguem lentamente da memória, talvez não necessariamente apagar totalmente, mas o suficiente para que não possam mais voltar incomodar. Então como é possível amar e esquecer de repente ou só se lembrar por algumas frações minúsculas de segundos? Se for amor, que seja duradouro e inesquecível, agora se sabe que é paixão não se apegue a detalhes mesquinhos de recordações com prazo de validade estourando a qualquer momento.
O moço tristonho agora resolvido que nunca amara de verdade nem quis se levantar dali, ao levantar a cabeça podia perceber que chorava e sorria ao mesmo tempo. Era complexo demais para mim tentar entendê-lo, se estava bem ou mal ao certo eu não sabia, a única certeza que eu tinha é que o amor é complexo demais para ser entendido.

" O nosso amor a gente inventa pra se destrair, e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu. "

( Rafael Augusto)

Um comentário:

  1. Creio que o amor exista.
    Para tudo e todos.
    Um tiquinho para um..
    um tantão para o outro.
    O problema eh quando o saco esvazia.

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